ESCÂNDALO DIGITAL: Google Revela Mega Botnet de 10 Milhões de Dispositivos Android em Caixas Chinesas de TV

Uma rede clandestina de proporções épicas foi exposta por uma ação judicial da Google em Nova Iorque, que traz à luz o maior esquema de botnet alguma vez documentado no ecossistema Android. Com 10 milhões de dispositivos comprometidos — sobretudo boxes Android baratas de fabrico chinês, muito populares entre utilizadores de serviços de streaming pirata e gratuito — esta rede, batizada de BadBox 2.0, converte aparelhos domésticos em armas de fraude digital, espionagem e ciberataques globais.

Segundo a Google, os dispositivos infiltrados foram transformados em nós de uma colossal rede de proxies residenciais. Estes aparelhos, operando à margem da segurança oficial da Google, são utilizados para fraudes publicitárias, distribuição de malware, invasão de contas, ataques DDoS e muito mais.

Em 2023, a Google e parceiros da cibersegurança, com apoio das autoridades alemãs, descobriram a primeira versão do esquema — BadBox, com 74 mil dispositivos comprometidos. Mas foi apenas o início. Uma ameaça ainda mais abrangente emergiu rapidamente.

BadBox 2.0: O Monstro Evoluído da Era Digital

A equipa de inteligência da HUMAN Satori foi quem soou o alarme. O relatório inicial publicado em março revelou uma rede silenciosa, onde os dispositivos infectados clicavam e requisitavam anúncios sem qualquer conhecimento do utilizador, alimentando um império de fraude publicitária e branqueamento digital.

Mais do que isso: os dispositivos eram usados como proxies residenciais ilegais, possibilitando operações obscuras como roubo de contas e disseminação silenciosa de malware. O mais assustador? Os aparelhos podiam receber e executar novo código remotamente, sem qualquer interação do utilizador.

Uma Epidemia Global: 1 Milhão de Dispositivos Infectados em 222 Países

No auge do escândalo, já se estimava mais de um milhão de dispositivos afetados espalhados por 222 países e territórios. Os especialistas alertam: evite apps fora da Google Play e desconfie de dispositivos genéricos com Android barato.

Listagens recentes de modelos afetados mostram que a esmagadora maioria são caixas Android “low-cost” produzidas na China. Contudo, computadores, tablets, smartphones, dispositivos automóveis e até projetores digitais também foram comprometidos.

10 Milhões de Dispositivos Comprometidos: A Nova Guerra da Google

Na semana passada, a Google revelou oficialmente, em parceria com a HUMAN Security e a Trend Micro, que está a combater uma botnet que infectou 10 milhões de dispositivos não certificados, que usam o Android Open Source Project, sem as proteções de segurança da Google.

A ação judicial, iniciada em maio num tribunal federal de Nova Iorque, teve documentos desclassificados recentemente. A 30 de maio foi emitida uma ordem temporária de restrição. No dia 1 de julho, a Google obteve uma injunção preliminar para travar a disseminação da ameaça.

Cibercriminosos Anónimos, Mas Com Alvo Apontado

Embora os réus — identificados como “Does 1-25” — permaneçam oficialmente desconhecidos, a Google aponta o dedo com firmeza a redes criminosas chinesas. De acordo com a queixa, há poucas esperanças de que cumpram qualquer sentença monetária.

A estrutura da BadBox 2.0 divide-se em quatro grupos:

  • The Infrastructure Group: gere os servidores e domínios de comando (C2) da botnet.
  • The Backdoor Malware Group: desenvolve e pré-instala o malware, conduzindo campanhas de fraude publicitária.
  • The Evil Twin Group: cria apps fraudulentas que exibem anúncios ocultos.
  • The Ad Games Group: promove “jogos” manipulados para gerar cliques publicitários em navegadores invisíveis.

Google com Luz Verde para Atacar

Com base nas leis CFAA (Lei de Fraude e Abuso Informático) e RICO (Lei contra Organizações Corruptas), a Google obteve autorização judicial para bloquear tráfego malicioso, sequestrar domínios usados pela botnet e coordenar medidas com outras entidades para desmantelar a rede.

FBI Alerta: Desconfie de Apps Grátis e Streaming Pirata

As autoridades alertam os utilizadores: evitem mercados de apps não oficiais e estejam atentos a comportamentos estranhos nos seus dispositivos conectados em casa. Mas o verdadeiro problema é mais profundo: toda a cadeia de produção está comprometida.

Mesmo que os dispositivos venham “limpos”, o malware pode ser instalado remotamente assim que se ligam à internet. Aplicações com aparência inofensiva são, na realidade, cavalos de Troia prontos a explorar falhas e capturar dados sensíveis.

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