Já alguma vez realizou um sanity check no servidor? Teve um serviço que ficou hung? Executou um script de housekeeping ou questionou se uma plataforma suportava algo de forma nativa? Pois prepare-se: segundo o mais recente Guia de Linguagem Inclusiva apoiado pela Linux Foundation, cada uma destas expressões é ofensiva e transformam qualquer profissional de IT num “grande preconceituoso”.
O documento, que tem gerado indignação nas comunidades tecnológicas, afirma que a linguagem usada no dia a dia da programação é “insuportavelmente discriminatória”. Eis algumas das recomendações mais polémicas que parecem saídas de uma sátira:
- “Black hat” e “white hat” devem ser substituídos por “hacker malicioso” e “hacker aprovado”. Curiosamente, até a própria palavra hacker já foi distorcida do seu significado original.
- “Housekeeping” deixou de ser aceitável, apesar de “housekeeper” não ser um termo de género. A alternativa? Cleanup, maintenance ou logistics.
- “Sanity check” agora é rotulado de capacitista.
- “Normal” ou “abnormal” passam a ser banidos em favor de “típico” e “atípico”.
- “Dummy” é considerado tão grave como insultar diretamente pessoas com deficiência.
- “Hung” é classificado como “linguagem violenta”.
A recomendação “evitar jargão e expressões idiomáticas” chega a ser surreal. Como falar de informática sem usar termos como CPU, compiler ou network? Seria o equivalente a tentar ensinar medicina sem dizer “coração” ou “pulmão”.
A ironia é que, ao seguir estas normas, entramos rapidamente numa “esteira de eufemismos”: hoje já não se pode dizer “normal”, amanhã será proibido dizer “típico”, e assim sucessivamente.
Termos que escaparam à lista de proibições
Se o objetivo é reescrever por completo a linguagem técnica, ainda ficaram muitas lacunas. Eis algumas “sugestões adicionais” que o guia parece ter ignorado:
- Horsepower: supostamente ofensivo para cavalos, que nunca deram consentimento para a sua força ser medida em motores.
- Primary/Secondary: gritariam “hierarquia” e “patriarcado”.
- Firewall: potencialmente traumático para quem viveu incêndios domésticos. Alternativa sugerida: “fronteira de calor”.
- Bug: estigmatiza insetos, como se fossem apenas problemas e não criaturas a viver a sua melhor vida.
- Thread: ofensivo para os tecelões, que veem a sua arte reduzida a simples agendamento de CPU.
- Deadlock: insensível para vítimas de portas emperradas.
- Fork: poderá ferir a autoestima de colheres e facas ao reforçar a hierarquia da cutelaria.
- Cloud: exclui habitantes de climas ensolarados que não convivem com nuvens.
- Ping: poderia reabrir feridas emocionais de submarinistas da Guerra Fria.
- Mouse: injustamente associa roedores à servidão do “point-and-click”.
O que parecia uma piada do The Onion é, afinal, uma política oficial apoiada pela Linux Foundation, deixando muitos profissionais de TI a questionar: será este o fim da comunicação natural na informática?
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