Amazon Desencadeia Caça aos Apps Pirata e Elimina Aplicações Sideloaded no Fire TV à Distância (Mas Hackers Já Têm Workaround)

Num movimento sem precedentes, a Amazon iniciou uma ofensiva silenciosa mas devastadora contra aplicações pirata que utilizadores instalaram manualmente nos seus dispositivos Fire TV. Com um simples comando remoto, a gigante do comércio eletrónico conseguiu desativar, de forma irreversível, apps como Flix Vision e Live NetTV, que operavam fora da sua loja oficial – um sinal claro de que o jogo mudou.

O Fire TV Stick, há mais de uma década um fenómeno de popularidade graças ao seu preço acessível e à possibilidade de instalar apps de fontes externas, tornou-se também um ícone involuntário da pirataria de desporto ao vivo e conteúdos multimédia. Este sucesso inesperado entre piratas digitais colocou a Amazon debaixo de uma tempestade mediática, onde reportagens apontavam o dedo ao dispositivo como ferramenta central para aceder a conteúdo ilícito.

A pressão cresceu exponencialmente. Embora a Amazon nunca tenha permitido apps pirata na sua loja, as reportagens impulsionaram a notoriedade do Fire TV entre utilizadores que procuram conteúdo gratuito – e, muitas vezes, ilegal. Enquanto o Google regista um pico histórico nas pesquisas por “Fire TV” em novembro de 2023, o nome da marca afunda-se em controvérsia.

Mas esta semana, tudo mudou. Segundo o conhecido YouTuber TechDoctorUK, a Amazon deu o passo que muitos julgavam impossível: desativou remotamente apps pirata já instaladas nos dispositivos dos utilizadores. E não ficou por aqui.

Ao tentarem abrir as apps Flix Vision e Live NetTV, os utilizadores foram surpreendidos com uma mensagem clara e alarmante:

“Esta aplicação foi desativada porque pode colocar o seu dispositivo ou dados pessoais em risco.”

O alerta, acompanhado da opção para desinstalar imediatamente, alinha-se com mensagens semelhantes usadas por campanhas antipirataria: apps gratuitas que oferecem filmes e séries à borla muitas vezes escondem malware e funcionam como cavalos de Troia para redes de proxies ou roubo de dados.

A reviravolta chega com a revelação de que estas aplicações estariam, alegadamente, a transformar discretamente os dispositivos dos utilizadores em nós de saída para redes proxy. Ou seja, enquanto os utilizadores assistiam às suas séries favoritas, os seus Fire TV Stick eram usados para fornecer acesso à internet a terceiros – com endereços IP residenciais reais e sem consentimento informado.

Este tipo de atividade pode parecer legítimo à superfície – afinal, as redes proxy não são ilegais por definição. Contudo, a ausência de permissão explícita do utilizador transforma a situação num risco grave de segurança e privacidade, algo que a Amazon claramente não está disposta a tolerar.

Mas a ação não terminou aí. Pouco depois do bloqueio das primeiras duas apps, outras como Blink Streamz e Ocean Streamz também foram desativadas silenciosamente. Ainda que alguns relatos sejam não confirmados, o padrão começa a ganhar forma: uma limpeza cirúrgica de aplicações com comportamentos duvidosos, mesmo que estejam fora do ecossistema oficial.

Apesar de proteger os utilizadores de ameaças invisíveis, a Amazon deixa muito por explicar. A falta de transparência sobre os motivos específicos de cada bloqueio impede a comunidade de aprender com o ocorrido. Sem provas públicas nem relatórios técnicos, milhões continuarão a descarregar apps pirata na esperança de entretenimento gratuito, ignorando os riscos associados.

Mas há um workaround? Sim – e já circula nas comunidades underground.

Embora a desativação remota torne as apps inutilizáveis na sua forma atual, hackers encontraram rapidamente formas de contornar a restrição. O método mais comum passa por modificar o APK da aplicação para evitar os mecanismos de deteção do Fire OS. Isto inclui mudar o nome do pacote, alterar assinaturas digitais, e desativar permissões de rede suspeitas. Com estas alterações, os apps podem ser reinstaladas como se fossem novas aplicações “invisíveis” para os sistemas de segurança da Amazon.

Outro workaround envolve instalar ROMs personalizadas no Fire TV Stick ou fazer root ao dispositivo, desativando o controlo remoto que permite à Amazon intervir. No entanto, estas soluções são técnicas, arriscadas e podem anular a garantia ou inutilizar o dispositivo se forem mal executadas.

O recado está dado: mesmo fora da loja oficial, a Amazon pode – e vai – agir. E com a chegada iminente do novo sistema operativo Vega, o controlo poderá tornar-se ainda mais apertado. A era dourada do sideloading descontrolado no Fire TV poderá estar a chegar ao fim – não com um estrondo, mas com um clique remoto.

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