Imagine enfiar quase 1 petabyte de dados… no bolso das calças. Pode parecer ficção científica, mas não estamos longe disso. A verdade é que aqueles microSD do tamanho da unha do polegar estão a transformar o armazenamento digital — e a desafiar os limites da física, da engenharia e até da economia.
Recentemente, enquanto preparava um voo longo, um utilizador inseriu um microSD de 1 TB no seu Kindle Fire e refletiu: esta pequena maravilha guarda mais dados do que um datacenter inteiro dos anos 90. E, matematicamente, dentro de um cubo de apenas uma polegada cúbica, cabem 625 microSDs — o que, com cartões de 2 TB, equivale a quase 1 petabyte portátil.
O Limite Teórico Já Está Definido: 128 TB por Cartão
A SD Association — entidade que regula os formatos SD — já definiu os limites máximos para os cartões:
- SD: até 2 GB
- SDHC: até 32 GB
- SDXC: até 2 TB
- SDUC: até 128 TB
Sim, o microSD de 128 TB já está “permitido” pela norma SDUC. Tecnicamente, não é o sistema de ficheiros que limita — o exFAT, por exemplo, lida com até 128 petabytes.
Os Limites Físicos São Implacáveis
Mas há obstáculos que nem os melhores engenheiros podem ignorar:
- Densidade NAND: Quantos bits podem ser guardados em cada célula de memória sem comprometer a fiabilidade?
- Correção de erros: À medida que a densidade aumenta, os erros tornam-se mais prováveis.
- Calor e consumo energético: Bilhões de células comprimidas num chip geram calor difícil de dissipar.
- Custos de produção: Quanto maior a densidade, menor a taxa de sucesso na fabricação — e mais caros ficam os cartões.
Hoje, já se usa tecnologia QLC (4 bits por célula) e o próximo passo, PLC (5 bits), está em desenvolvimento. Mas cada avanço traz complexidade acrescida e menor fiabilidade.
A Economia é o Verdadeiro Freio
Mesmo que tecnicamente possível, fabricar cartões com capacidades extremas pode ser economicamente inviável. Um microSD de 128 TB? Sim, talvez… mas o preço seria proibitivo.
Além disso, quem precisa de tanto armazenamento num único microSD? Para a maioria das pessoas, um SSD externo compacto — mais barato e mais fiável — faz muito mais sentido.
O Futuro do Armazenamento MicroSD: O Que Está Para Vir?
Capacidade | Situação Atual | Previsão |
---|---|---|
1 TB | Disponível desde 2019 | Mainstream atualmente |
2 TB | Lançado em 2024/2025 | Topo de gama |
4 TB | Em desenvolvimento (R&D) | 2027–2028 |
8 TB | Protótipos laboratoriais | 2029–2030 |
128 TB | Limite teórico SDUC | Futuro distante, incerto |
Veremos cartões de 2 TB e 4 TB a tornarem-se comuns antes do fim desta década. Os de 8 TB podem chegar até 2030. E os míticos 128 TB? Talvez nunca se materializem — não por falta de tecnologia, mas por pura falta de necessidade.
A história dos USB drives serve de alerta: estes dispositivos estabilizaram nos 2 TB não por limitação técnica, mas porque o mercado mudou. Hoje, com o avanço dos SSDs compactos e acessíveis, pode ser que o microSD gigante seja apenas… um sonho de engenheiros e entusiastas.