Sim, leu bem — um Nintendo Wii, lançado em 2006, foi hackeado para funcionar como servidor de um blogue totalmente funcional! Esta proeza tecnológica, levada a cabo por Alex Haydock e apresentada no seu site “Infected Systems”, está a dar que falar no mundo da tecnologia alternativa.
Porque usar um super servidor caro quando se pode dar uma nova vida a uma consola retro? É exatamente este o espírito por trás do projeto. Segundo Haydock, a motivação foi mais lúdica do que prática: combinar o poder do software de código aberto com hardware antigo apenas pelo prazer de experimentar.
Durante a sua pesquisa pelo site oficial do NetBSD, Haydock deparou-se com algo invulgar — uma versão do sistema operativo compatível com a Nintendo Wii. Para quem não conhece, o NetBSD é um sistema operativo livre, baseado em Unix, altamente flexível, seguro e surpreendentemente leve, com suporte para várias arquiteturas — incluindo o PowerPC presente na Wii.
Mas como é que tudo isto foi possível? O processo envolveu preparar um cartão SD de 32GB com o Raspberry Pi Imager, onde foi instalada a imagem específica do NetBSD para a Wii. Esta versão funciona como uma aplicação homebrew, sendo executada diretamente a partir do canal Homebrew da consola.
Com o NetBSD em funcionamento, a Wii comporta-se como um computador convencional. Basta ligar um teclado USB e… voilá! Para alojar o blogue, Haydock escolheu o servidor leve lighttpd, complementado com o poderoso Caddy a servir de reverse proxy. A segurança e gestão de certificados SSL são asseguradas pelo protocolo ACME, garantindo uma experiência web cifrada.
O próprio autor partilha ainda muitos pormenores técnicos sobre o processo de configuração. As páginas do blogue carregam surpreendentemente rápido, e embora o uptime atual seja de apenas 21 horas, tudo indica que o reinício foi causado por manutenção programada. Será que esta pequena consola conseguiria aguentar milhares de visitas simultâneas? Não se sabe, mas seria um teste curioso — e parte da diversão.
Uma verdadeira obra de engenho, ousadia e criatividade, este projeto não só recicla tecnologia obsoleta, como prova que, com as ferramentas certas, os limites são mesmo feitos para ser desafiados.