“Não Roubarias um Carro”… Mas Será Que Piratearias Uma Fonte? O Escândalo Tipográfico da Campanha Anti-Pirataria Mais Famosa do Século!

Há vinte anos, uma frase ressoava nos ecrãs e ficava cravada na memória coletiva: “Não Roubarias um Carro”. Assim começava uma das campanhas anti-pirataria mais impactantes — e polémicas — de todos os tempos. Produzida pela indústria cinematográfica, esta iniciativa ousava equiparar a pirataria digital ao furto de bens físicos, como automóveis, carteiras ou televisores. A mensagem era clara, intensa… e altamente viral.

Contudo, novas revelações bombásticas vieram agora lançar uma luz irónica — e até embaraçosa — sobre esta campanha tão emblemática. Segundo investigações recentes, há fortes indícios de que a própria campanha anti-pirataria pode ter cometido… pirataria! E sim, falamos mesmo do roubo de uma fonte tipográfica.

A Verdade Oculta Por Trás da Fonte “Pirateada” da Campanha “Piracy: It’s a Crime”

Lançado em 2004, o famoso anúncio televisivo rapidamente se tornou viral — não só pelo seu tom dramático, mas também pelas inúmeras sátiras e memes que inspirou. No entanto, enquanto o vídeo principal ficou eternizado, uma versão menos conhecida da campanha, dedicada à “venda de rua”, caiu no esquecimento. E com ela, desapareceu também o site oficial do projeto, cujo domínio acabou mais tarde por ser redirecionado para… uma paródia.

Avançamos para 2025, e eis que surge a reviravolta: há provas convincentes de que os materiais da campanha utilizaram uma fonte gratuita — e suspeitamente idêntica — à FF Confidential, uma fonte comercial criada pelo designer Just Van Rossum em 1992.

XBAND Rough: A Sombra da Cópia Digital

Em vez da FF Confidential, os materiais oficiais da campanha parecem ter recorrido a uma versão “clone” conhecida como XBAND Rough, criada em 1996 pela Catapult Entertainment. Esta fonte, disponível gratuitamente, apresenta uma semelhança impressionante com a original — uma semelhança que levanta sérias questões legais e éticas.

Uma descoberta recente feita pela utilizadora Melissa Lewis, na rede Bluesky, revelou a presença da fonte XBAND Rough num ficheiro PDF datado de 2005, alojado no então site oficial da campanha. Outro utilizador, conhecido como “Rib”, reforçou esta afirmação, localizando mais provas do uso da fonte pirata. A confirmação final veio pelo portal TorrentFreak, que analisou vários ficheiros e encontrou XBAND Rough embutida no código tipográfico dos materiais de promoção da campanha.

Ironicamente Ilegal? A Opinião do Criador da Fonte

Just Van Rossum, o criador da FF Confidential, admitiu que sabia que a sua fonte tinha sido usada na campanha, mas desconhecia completamente que se tratava de uma cópia não licenciada. A reação dele? Surpresa… e gargalhadas.

“Sabia que a minha fonte tinha sido utilizada, e conhecia a existência da clone XBAND-Rough. Mas não fazia ideia que tinham usado a cópia e não a original. Achei simplesmente hilariante”, partilhou Van Rossum.

Atualmente, o autor não pretende avançar com qualquer ação, visto que já não detém os direitos de distribuição da fonte — agora sob a gestão da Monotype.

Conclusão: Não Roubarias uma Fonte… Ou Será Que Sim?

Duas décadas depois do seu lançamento, a campanha “Piracy: It’s a Crime” continua a ser falada, agora por razões que os seus criadores certamente não anteciparam. Usar uma fonte clonada num anúncio contra a pirataria é, no mínimo, uma ironia desconcertante que levanta dúvidas profundas sobre integridade, originalidade e hipocrisia corporativa.

E tu? Não roubarias um carro… mas piratearias uma fonte?

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